Tecnologia Médica: Curativo Elétrico Trata Lesões Rapidamente

Tendo em vista que campos elétricos já demonstraram previamente a capacidade de estimular a cicatrização mais rápida de ferimentos, pesquisadores desenvolveram um curativo movido por eletricidade estática.

Estudos e testes realizados em ratos indicaram que um curativo elétrico pode auxiliar na cura de lesões mais rapidamente do que os convencionais.

Pesquisas anteriores mostraram que a aplicação de campos elétricos através de um ferimento pode acelerar sua cura, porém, geralmente grandes equipamentos especializados são necessários para que este processo ocorra.

Por causa disto, Guang Yao e seus colegas da Universidade de Ciência e Tecnologia Eletrônica da China, em Chengdu, decidiram criar um outro meio que pudesse servir como alternativa aos tradicionais métodos de cura. “Abordagens não invasivas, eficientes e econômicas são convenientes e sempre requeridas para o tratamento de ferimentos cutâneos”, diz ele.

O curativo desenvolvido por ele e seus colegas consiste em quatro camadas. A camada inferior é composta de um plástico carregado eletricamente que gera um campo elétrico ao ter contato estático com a pele. A próxima camada é feita de gel de borracha de silicone, que é bem flexível e se molda à curvatura da pele. A terceira camada é uma liga com efeito memória de forma, que empurra os dois lados da ferida para que se unam. Por fim, uma fina camada de gel completa tal curativo, que possui apenas 0,2 milímetro de espessura.

Cerca de 50 ratos foram testados para o estudo das propriedades desta nova tecnologia. Cada rato foi previamente anestesiado e, a seguir, foi feito um corte de 1 centímetro de comprimento ou uma ferida circular de 0,8 centímetro de diâmetro. Após isto, foram aplicados de maneira randômica o novo e o tradicional curativo, além de alguns ratos ficarem apenas com sua própria cicatrização, sem auxílio destes métodos.

As feridas circulares de 0,8 centímetro de diâmetro revestidas pelo curativo elétrico tiveram uma taxa de 96,8% de fechamento dentro do período de oito dias, comparadas com 76,4 a 79,9% fechadas com outros curativos, e 45,9% de feridas expostas cicatrizadas. Observa-se que as feridas lineares se cicatrizam mais rapidamente do que as circulares, devido ao diferente dano ao tecido cutâneo. Contudo, Yao afirma que o desempenho relativo foi semelhante nos dois casos. “Estamos otimizando as tecnologias de dispositivos para feridas de diferentes formas, incluindo as formas irregulares”. A equipe de pesquisadores também está realizando os preparativos pré-clínicos para os testes em humanos.

“Este estudo possui uma interessante ideia de design ao utilizar uma película fina eletrostática para acelerar o processo de cicatrização de ferimentos, e também para deter processos infecciosos causados por bactérias”, diz Vi Khanh Truong da Universidade de Flinders, Austrália. “Entretanto, o custo pode ser um grande desafio para a aplicação desta tecnologia”. Yao recusou-se a apresentar o custo necessário para implantar este projeto e para a fabricação deste novo curativo, limitando-se à afirmação de que “não é caro”.

Referência: Science AdvancesDOI: 10.1126/sciadv.abl8379

Fonte: New Scientist | Chris Stokel-Walker

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