Caso não tenha ouvido falar, este período do mês de julho é relacionado ao movimento “July Plastic Free” (“julho livre de plásticos”, em tradução livre). O evento anual teve origem no oeste da Austrália em 2011 com o objetivo de incentivar os consumidores a reduzir sua dependência de plásticos de uso único e eliminar os resíduos plásticos. Ganhou tração global nos anos que se seguiram. A Plastic Free July Foundation é uma instituição de caridade registrada na Austrália, e embora não demonize o plástico como um praga ambiental no planeta, muitos de seus apoiadores o fazem. Portanto, é um momento oportuno, crê Hal Partenheimer, para esclarecer o impacto ambiental do plástico.
Não há como negar que o lixo plástico é um problema crescente. Entretanto, a utilização do plástico é um fator importante na redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) que contribuem para a mudança climática. Isto de forma alguma absolve a responsabilidade de toda a população no gerenciamento adequado de seus fluxos de resíduos, mas é claro que existem fontes de GEE muito mais flagrantes impactando o clima do que os polímeros que são produzidos globalmente.
O impacto climático dos plásticos é indiscutivelmente positivo. Volumes de pesquisas recentes, incluindo o relatório “Climate Impact of Plastics” publicado no início deste mês pela McKinsey & Co., apoiam que os plásticos de fato reduzem as emissões de GEE de três a quatro vezes em comparação com alguns materiais que são muitas vezes considerados como substitutos virtuosos. Veja algumas pesquisas apoiando o fato de que os plásticos são fundamentalmente menos prejudiciais ao meio ambiente do que foi levado a acreditar.
“Os plásticos são… a opção mais verde”
De acordo com o cientista de polímeros Chris DeArmitt, que se baseia na veracidade das análises de avaliação do ciclo de vida (LCA), “os plásticos são geralmente a opção mais verde. Eles são melhores para o meio ambiente do que metal, vidro, algodão e geralmente papel, então substituir o plástico prejudica o meio ambiente. Agências governamentais nos EUA, Canadá, Reino Unido, Austrália e Dinamarca concordam com os estudos da LCA que os sacos de polietileno de uso único que usamos hoje têm um impacto ambiental muito menor do que substitutos potenciais, como bioplásticos, papel, papel não branqueado, algodão, ou algodão orgânico.”
Novas tecnologias indicam que os plásticos do futuro serão ainda mais ecológicos. Henrik Thunman, professor de tecnologia de energia da Chalmers University of Technology, na Suécia, é coautor de um estudo no qual afirma: “Apenas uma fração do material que poderia ser transformado em novo plástico é atualmente reciclada. Pesquisadores da Chalmers já demonstraram como os átomos de carbono em resíduos mistos podem substituir todas as matérias-primas fósseis na produção de novo plástico. O método de reciclagem é inspirado no ciclo natural do carbono e pode eliminar o impacto climático dos materiais plásticos.”
O custo em recursos e emissões de CO2 dos sacos de papel
DeArmitt vai mais longe em seu excelente site Plastics Paradox, afirmando que a substituição de sacolas plásticas por sacolas de papel, por exemplo, requer 2,7 vezes mais energia, produz 1,6 vezes mais emissões de CO2 e consome 17 vezes mais água. Também foi estimado que a substituição das sacolas plásticas na UE implicaria o corte de mais 2,2 milhões de árvores por ano e exigiria o equivalente a 60.000 piscinas olímpicas de mais água. Além disso, quanto dano ambiental não quantificável é causado pela perda do sequestro de carbono através da destruição de milhões de árvores?
A leveza dos veículos na indústria automotiva reduziu significativamente o consumo de combustível ao longo de décadas através do uso de peças plásticas que substituíram os componentes metálicos mais pesados. Avanços recentes na tecnologia de reciclagem agora significam uma nova vida em uma forma diferente para muitas autopeças plásticas anteriormente não recicláveis que, de outra forma, ficariam em um aterro sanitário ou pátio de recuperação de automóveis.
Os plásticos também têm um impacto profundo na indústria de alimentos, eliminando uma grande parte da produção de GEE por meio da redução do desperdício de alimentos. O processamento, transporte e armazenamento de alimentos são muito mais eficientes, higiênicos e seguros do que seriam se outros materiais fossem usados.
O desperdício de alimentos, com uma média de 30 a 40% de todos os resíduos de aterros sanitários, continua sendo uma importante fonte de emissões de GEE globalmente. Seria muito maior se não fosse a utilização de plásticos leves, flexíveis e duráveis. Thunberg, da Chalmers University, diz que sua nova tecnologia tem até a capacidade de contornar a contaminação de alimentos no plástico que está sendo processado, um desafio considerável para os métodos atuais de reciclagem.
Para saber mais sobre isso, você pode baixar um relatório publicado no início deste mês pela McKinsey & Co., “Climate Impact of Plastics”. O relatório de 30 páginas está disponível para download gratuito (requer registro).