A The Big Plastics Count foi realizada durante uma semana no mês de maio, entre os dias 16 e 22. Trata-se de uma pesquisa onde aproximadamente 100.000 famílias do Reino Unido documentaram detalhadamente a quantidade de plástico que descartam no período de 7 dias. Os organizadores da pesquisa foram o Greenpeace e o Everyday Plastic, que apresentaram uma estimativa de que o Reino Unido descarta cerca de 100 bilhões de artigos plásticos por ano.
A afirmação feita pelo fundador da Everyday Plastic, Daniel Webb, à BBC, gerou controvérsia. Segundo Webb, “A reciclagem não funciona, todos nós sabemos disso. Se achamos que as coisas estão sendo recicladas, podemos continuar do jeito que estamos. Reduzir a quantidade que produzimos reduzirá a quantidade que é jogada fora.”
A British Plastics Federation (BPF) emitiu esta terça-feira, dia 12 de julho de 2022, uma declaração também meticulosa e detalhada acerca da reciclagem no Reino Unido. Confira a seguir:
“A British Plastics Federation (BPF) acredita no uso de embalagens apenas quando necessário e apoia o crescimento de sistemas de reutilização nos casos em que faz sentido fazê-lo. A redução de resíduos desnecessários deve ser uma prioridade para todos, assim como garantir que o máximo possível de resíduos que produzimos seja reciclado. Mudanças e inovações consideráveis estão em andamento na indústria de plásticos e o trabalho está em andamento para ampliar tecnologias e sistemas de coleta para que quase todo o plástico comumente usado para embalagens possa ser reciclado.
No entanto, promover a mensagem de que “reciclagem não funciona” é inútil e pode desmotivar as pessoas a fazer a coisa certa. A reciclagem funciona. A reciclagem de plástico economiza entre 30% e 80% das emissões de carbono geradas pelo processamento e fabricação de plástico virgem.[1] Em 2021, 51% das embalagens plásticas no Reino Unido foram recicladas e a quantidade de plástico reciclado aumentou 2,4 vezes desde 2006.[2] No ano passado, o Reino Unido reciclou mais plástico dentro do país do que exportou para reciclagem – a primeira vez que isso aconteceu.[3] Há um progresso claro que pode ser comemorado, embora haja mais trabalho a ser feito.
A maior parte do plástico que o Reino Unido usa pode ser reciclada no país até 2030, com apenas 1% indo para aterros e muito pouco exportado, desde que os drivers corretos estejam em vigor.[4] Para conseguir isso, várias coisas precisam mudar, incluindo investir na infraestrutura de reciclagem do Reino Unido, simplificar os esquemas de coleta domiciliar em todo o Reino Unido e coletar mais filmes plásticos e embalagens flexíveis. A coleta domiciliar de embalagens flexíveis é comum na Europa, sendo o Reino Unido um dos poucos países ainda a adotar a prática.[5] A coleta de mais desse material apoiará o crescimento da indústria de reciclagem química do Reino Unido, permitindo que muito mais filmes plásticos e embalagens flexíveis sejam reciclados. À medida que a infraestrutura do Reino Unido se desenvolve, o BPF está apoiando o Flexible Plastic Fund e muitos supermercados no Reino Unido também estão fornecendo serviços de coleta.
Enquanto isso, simplesmente substituir as embalagens plásticas por outros materiais pode não ser a melhor coisa para o meio ambiente, conforme encontrado em um estudo de 2020 do Imperial College London.[6] Outros estudos também analisaram o que aconteceria se substituíssemos as embalagens plásticas por alternativas. Dois descobriram que os GEEs aumentariam quase três vezes e um terço descobriu que eles quase duplicariam.[7] As embalagens plásticas também protegem e preservam produtos que têm um impacto de carbono muito maior do que suas embalagens. A embalagem de um quilo de alimento gera em média 70 gramas de CO2, mas evita 350 gramas de CO2 devido ao desperdício de alimentos.[8]
Um estudo de 2022 da Bosch descobriu que o Reino Unido ficou entre os três principais países (de 99) quando se trata de evitar o desperdício de alimentos no setor de varejo e ficou entre os 13 melhores quando se trata de evitá-lo em casa.[9] Armazenamento, refrigeração, planejamento e embalagem adequada desempenham um papel na prevenção do desperdício de alimentos.
A BPF acredita firmemente que é melhor usar a embalagem certa quando ela tem um benefício comprovado para o meio ambiente – em vez de simplesmente evitá-lo – e para que todos reciclem o máximo possível. Enquanto isso, a indústria de plásticos do Reino Unido continuará a trabalhar arduamente para refinar os designs e garantir que cada vez mais plástico do qual dependemos todos os dias possa ser facilmente reciclado.”
[1] Voulvoulis et al., Imperial College London, ‘Examining Material Evidence’, The Carbon Fingerprint Report, Imperial College
[2] Environment Agency, National Packaging Waste Database: https://npwd.environment-agency.gov.uk/Public/PublicSummaryData.aspx acesso em 03.11.2021
[3] National Packaging Waste Database figures, 2021
[4] BPF Recycling Roadmap (2021) www.bpf.co.uk/roadmap.aspx
[5] Plastics Recyclers Europe – Flexible Films Market in Europe: State of Play (2020)
[6] Imperial College – Examining Material Evidence: The Carbon Fingerprint (2020)
[7] Green Alliance – Fixing the System (2020), Denkstatt (2011), Franklin Associates (2018)
[8] Denkstatt – How Packaging Contributes to Food Waste Prevention (2017)
[9] Bosch: Food waste around the world www.bosch-home.co.uk/experience-bosch/global-food-waste
Fontes:
- BBC | Jonah Fisher
- The Big Plastics Count | Report (PDF)
- BPF | BPF statement in response to findings of the Big Plastic Count